Survival Mastery |
Tradução do artigo da Science of Skill.
Essa semana, nós escolhemos a pergunta do Assinante SOS Lee Jordan (San Marcos), que fez o seguinte questionamento:
"Violência contra outro ser humano é uma coisa terrível. Qual é a melhor maneira de estar mentalmente preparado para infligir dano físico e dor a uma outra pessoa se você se encontra em uma situação ameaçadora? É tudo adrenalina ou há outra maneira de estar preparado?"
Nós contatamos especialistas no assunto e incluímos abaixo suas respostas ao questionamento do Lee.
Nome: Lars Fidler
Biografia: Um estudioso principalmente do sistema multifacetado de auto-defesa de Hardy Holms (Instrutor Chefe na Students of Goju Ryu), Lars Fidler estuda e pratica artes marciais de auto-defesa desde 1997 e ensina regularmente desde 2007. Lars detém faixas ou experiências em outras formas de artes marciais também. Possui certificação de ensino da Stockholms Universitet e é um instrutor de artes marciais, focando na auto-defesa, na Students of Goju Ryu em Mariefred, Suécia.
Resposta: Aumento gradual da intensidade. Como na maioria das coisas, temos que nos acostumar com pequenos passos. Começamos dentro da nossa zona de conforto e a desafiamos. Contato físico. Segurando com alguma força. Leve empurrão. Golpes contra um oponente preparado, que se defende. Continue aumentando a intensidade e você se surpreenderá como isso é fácil uma vez o conflito inicia-se.
O ponto não é ter a habilidade de olhar para o oponente e pensar consigo mesmo "Agora eu vou pegar o meu punho e esmagá-lo com toda a minha força contra a face da pessoa, visando quebrar a parte do osso ao redor do seu olho, esperançoso de que alguns fragmentos de osso entre no seu olho, cegando-o de um lado" e executar o movimento calmamente. Se sim, esse é um sintoma de fator 2 de sociopatia. [N.T.: "estilo de vida cronicamente instável, antissocial e socialmente desviado"] O ponto ponto é fazer seu corpo e sua mente se acostumarem a executar técnicas a uma certa intensidade, até que quando você não tiver tempo para pensar, seu subconsciente fará o que deve fazer.
Se você tem tempo para ficar parado e pensar sobre isso, você está num estágio em que deveria estar dialogando, não lutando.
Nome: Hervé Gonçalves
Biografia: Hervé Gonçalves é um instrutor de auto-defesa, especialista em força & condicionamento e atleta de nível nacional do atletismo. Hoje, ele vive em Paris (França) e gerencia a escola Krav Maga-FEKM, que também oferece cursos de auto-defesa.
Ele escreve ativamente no seu blog (trainingratio.com), em que ele divide sua experiência na abordagem prática e eficiente em performance corporal e técnicas de recuperação. Você pode ver em www.karatebushido.com e ler mais dos seus artigos em art-martial.org. (…)
Resposta: "…o que comete um erro está perdido, assim como aquele que hesita…" (Akio Morita, fundador da SONY)
Pensamentos Iniciais
O que diferencia a briga de rua é que ela sempre ocorre num momento que não foi decidido, preferencialmente numa dinâmica e numa situação explosiva portadora de perigo iminente, que pode levar a stress agudo devido ao potencial risco à vida.
Logo, o objetivo geral é assegurar sua integridade física (ou de terceiros). Lutar para sobreviver é dificilmente comparável a qualquer forma de dominação esportiva pelo oponente, particularmente em esportes de combate.
Então, a esse respeito, todos os recursos bio-psíquicos devem ser utilizados para garantir a sobrevivência, tudo ocorrendo numa mínima quantidade de espaço.
Essa condição estressante leva a vários efeitos adversos, incluindo mudanças fisiológicas e hormonais.
Devido a falta de tempo e passo [N.T.: possivelmente o texto original queria dizer "espaço"] para a decisão, o corpo desconecta o sistema nervoso parassimpático (SNP), que ajuda a fazer decisões complexas e promove habilidades de alta-precisão, mas ativa o sistema nervoso simpático (SNS) no lugar.
O papel principal do SNS é aumentar instantaneamente a capacidade de sobrevivência do lutador por aumentar sua energia e função neuro-muscular, diminuindo o tempo de resposta. Isso é comumente chamado de "resposta de fuga ou luta".
(…)
O que nós devemos buscar desenvolver?
Cada luta é carregada com um número grande de fatores desconhecidos. A preparação envolve se familiarizar com operação em uma condição cheia de múltiplos fatores de stress para evitar movimentos que não são produtivos.
A estratégia de preparação para o combate dessa maneira visa desenvolver comportamento concreto. Abaixo alguns exemplos.
- Concentre-se em movimentos simples e curtos que sabe-se que funcionem perfeitamente na maioria das situações e durante condições de stress (Princípio de Pareto: grosseiramente 80% do efeito vem de 20% das causas).
- Reduza a capacidade ofensiva do oponente e as vantagens pelo deslocamento e desorientação.
- Desenvolva sua habilidade ambidextra de resposta a partir da posição neutra.
- Foque no seu primeiro movimento, que é estrategicamente significante em termos de sucesso da resposta.
Competência Motora Sob Stress
Uma vez sobre o efeito do SNS, nossa habilidade motora apropriada é reduzida significativamente, junto com uma visão distorcida e audição interrompida; então, movimentos precisamente focados são quase impossíveis, ao mesmo tempo que, quando enfrentando uma situação de confronto, nossa reação precisa uma coordenação visual-motora.
As sessões de treinamento tem que dar concentração empírica em várias posições (de pé, sentado, no chão) e em alvos móveis e portanto desenvolver as seguintes competências:
- Visão alargada a 360°: atenção e lida com a visão em "túnel", surdez aguda e aquisição da vigilância permitindo você localizar a ameaça além do primeiro agressor
- Resposta imediata e capacidade fundamental de coordenação pé-punho
- Vigilância frente a obstáculo ou captura de arma-de-fogo
- Habilidades para se defender mesmo com vestimentas que o (a) limitem (descalço, saia, salto alto, mochila)
- Endurecimento emocional em proteger terceiros (família, amigos, conhecidos etc.)
- Reconhecimento imediato dos indicadores de stress e tomar as ações apropriadas: frequência cardíaca maior que 115 batimentos por minuto, efeito da adrenalina (pernas tremendo, redução da percepção e perda da visão periférica, hipervigilância).
- Habilidade de se soltar emocionalmente da situação atual pela respiração e técnica de visualização.
- Sobrepujar a inibição interna para se defender automaticamente.
Para ir além, práticas baseadas no comportamento humano, como criminologia e vitimologia, servem para complementar o conhecimento em linguagem física e cognitiva daquele que treina, que pode ser usado para entender sinais de fraqueza e percepção de ameaça (armas escondidas, oponentes, comportamento predatório etc.).
Isso prepara para implementação de medidas de cautela (negociação, discussão etc.) ou até mesmo estratégias e táticas específicas em auto-defesa.
Conclusão
Um cidadão comum sofrerá com alguma frequência de síndrome do stress pós-traumático por ser vítima da violência física ou psicológica, independente do resultado.
É possível, para proteger nossa integridade física ou quando estamos ajudando terceiros, nós tenhamos que experimentar dano ou induzi-lo ao agressor.
Entender esse tipo de reação requer determinar o papel do stress bio-psicológico, que impede de analisar a situação numa maneira lúcida e sensata (aplicação do processo cognitivo é complicado e demorado).
O ponto principal na preparação é construir uma vacina para stress pelo desenvolvimento de um modus operandi que leva em consideração os fatores chave de uma briga sob o efeito da adrenalina (destacado acima) que pode reduzir a performance durante um ataque ou outra situação violenta.
(…)
Nenhum comentário:
Postar um comentário